O ano de 2020 está fora da curva, não há como negar. O digital nunca foi tão consumido no mundo como hoje.

Com menos interação física promovida pelo isolamento, tivemos um boom no entretenimento digital.

Streaming, redes sociais, compras por aplicativos, jogos on-line… A lista é vasta e não para aí.

No último levantamento realizado pela Hootsuite, vimos que os brasileiros são uma das populações que mais aumentaram o consumo das redes sociais durante a pandemia, em torno de 54% a mais do que anteriormente. Nós ficamos em média 3 horas e 38 minutos conectados a essas plataformas. O número é surreal! Você imagina passar quase um quarto do seu dia na frente das telinhas?

Sabe o que influenciou esse número no Brasil e no mundo? O TikTok.

Ele já é a plataforma mais baixada nessa quarentena, alcançando a marca de 2 bilhões de downloads no mundo e virando uma febre.

São mais de 800 milhões de usuários ativos. Porém, o que era para ser um crescimento ainda maior, acabou colocando uma âncora nele.

Em junho o país com o maior número de usuários, a Índia, baniu o TikTok e todos os outros aplicativos chineses de seu país.

O Ministério de Tecnologia e Informação da Índia avaliou que esses apps trariam eventuais riscos à nação.

Mas qual o porquê disso?

Bom, a preocupação do governo da Índia está na coleta de dados e envio das mesmas para o governo da China. A retaliação foi feita pensando em manter a soberania e integridade do Estado.

Esse foi um “soco cruzado” em cheio no TikTok. A repercussão foi negativa, porém o crescimento em outros países está acelerado e a preocupação não foi tão grande… pelo menos até agora.

No final de julho, o presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, decidiu caminhar pelos mesmos passos que o Indiano, Ram Nath Kovind.

Sendo um dos países com maior crescimento da plataforma e chave para qualquer plataforma de mídias sociais, o chão caiu para a plataforma de vídeos engraçadinhos.

Desde 2019 já há conflitos entre o governo americano e a plataforma, sendo que o TikTok chegou a mudar o CEO para o americano e ex-diretor da Disney Plus, Kevin Mayer.

Mesmo com essa mudança e até mesmo a ideia de transferir a sua sede do Oriente para Londres, nada disso foi capaz de acalmar os ânimos do governo Americano.

Para piorar, a pouco tempo o grupo de hackers intitulado “Anonymous”, publicou este tuíte em seu perfil do Twitter:

“Delete TikTok now; if you know someone that is using it explain to them it is essentially malware operated by the Chinese government running a massive spying operation.”

“Delete o Tiktok agora; se você conhece alguém que o está utilizando explique que ele é essencialmente um malware operado pelo governo chinês que está fazendo uma operação massiva de espionagem. ”

Essa foi a deixa que o governo americano queria. No final de julho, Donald Trump deu um prazo para o TikTok para ser comprado por alguma empresa americana ou ser banido.

Até o dia 15 de setembro a plataforma deverá ser negociada para que possa permanecer em redes americanas.

Uma das primeiras a se habilitar a comprar a plataforma é a Microsoft, que já é dona de uma rede social muito usada: o LinkedIn.

Se você prestou atenção nesse texto, você deve ter notado que em momento nenhum mencionei Facebook. Essa corrida vai além da concorrência por usuários ou por soberania das redes sociais. Isso é a corrida por DADOS PESSOAIS!

Informações é o bem mais importante, além de valioso, hoje em dia.

Pela primeira vez os americanos não estão com controle total. A China consegue informações importantes, mas o que não lembramos é que Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn também consomem praticamente os mesmos dados.

Vou finalizar com uma pergunta para reflexão:

Caso os americanos comprem o TikTok, eles continuarão tendo as mesmas informações que os Chineses já possuem, elas apenas mudarão de mãos. Em todos os locais que buscarmos, as acusações são bem pesadas sobre o roubo de informações, seu consumo e como elas são processadas.

Pensando nisso, se os Estados Unidos agora as tiverem, está tudo bem para você?

Bruno Mello – COO Manycontent